COVID 19 – A elaboração do luto na criança

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COVID 19 – A elaboração do luto na criança

COVID-19

A pandemia do novo Coronavírus, trouxe muitos medos, ansiedades e angustias, para adultos, mas também para as crianças, isoladas repentinamente, pararam de ir à escola, por conta de aulas suspensas e foram obrigadas a ficar em casa o tempo todo, sem a possibilidade de se socializar com outras crianças, encontrar seus colegas e professores, tendo que se adaptar a aprendizagem, através da internet e o auxílio dos pais, que, em muitos casos, tem bastante boa vontade (ou não), mas falta didática e paciência. Será que nesses seis últimos meses conseguiram compreender o que estava acontecendo? Acredito que não, se nem nós adultos entendemos, quem dirá uma criança. Entretanto, em algumas famílias, a COVID 19 trouxe, além, dos medos, ansiedades e angustias, mortes de entes queridos, e consequentemente lutos a serem elaborados. É sobre estes sentimentos que iremos abordar neste texto.

Quando a família vivencia a situação de morte, e consequentemente de luto, de modo geral, muitos questionamentos surgem:

  • A criança como o adulto fica enlutada?
  • Como ela lida com essas mudanças? Será que ela sofre como o adulto?
  • Como se manifesta o luto na criança?

Os adultos muitas vezes, tem dificuldades em perceber a criança enquanto um ser em crescimento e desenvolvimento, e com um jeito particular de conceber o mundo, principalmente, no que diz respeito a morte e consequentemente o luto.

É muito importante que o adulto valide o luto vivenciado pela criança e que preste atenção a suas necessidades, com o objetivo de facilitar o processo de elaboração. A criança manifesta o luto de maneira diferente do adulto, e isso, muitas vezes é interpretado como se ela não estivesse sofrendo. A criança, apesar de diferente do adulto, também está enlutada e tenta atribuir sentido ao que viveu.

Como funciona o processo de elaboração de luto na criança?

A criança está em desenvolvimento cognitivo e emocional e, quando sofre uma perda significativa, prematuramente adquire noções de irreversibilidade, não funcionalidade e universalidade da morte, conceitos relacionados a morte e o morrer. A medida que a criança cresce vai dando sentido a essas constatações, mas para que isso transcorra de maneira interessante, é fundamental o suporte dos familiares, através de palavras, amor e cuidado.

Outro fator que torna o luto mais desafiador para a criança é o fato de que ela depende do adulto para sua sobrevivência física e psíquica. Portanto, quando falece um membro da família, a criança tem que lidar com a sobrecarga do luto dos pais, que podem estar menos disponíveis emocionalmente para cuidar dela e teme por sua sobrevivência: Será que outras pessoas que amo podem morrer também? Quem vai cuidar de mim agora?

Como a família pode fornecer esse suporte no processo de luto?

A família deve tratar do assunto com transparência e verdade. Contar o mais breve possível sobre o que aconteceu.
Estar disponível para responder suas perguntas. Desta forma, está dizendo para a criança que é possível lidar com a morte de um ente querido, sobreviver a esta perda e que ela não está só na sua dor.

A maneira como os adultos vivenciam a situação da elaboração da perda, pode funcionar como modelo à criança: a família que consegue conversar sobre seus sentimentos, falar sobre a pessoa perdida. O adulto quando não nega o luto, transmite a criança que ela também pode olhar para os diversos sentimentos evocados pela perda.

SOBRE O ACOMPANHAMENTO PROFISSIONAL:
A necessidade de ajuda profissional dependerá do vínculo que a criança tinha com a pessoa perdida. Como a família está lidando com o luto, do suporte social recebido e das circunstâncias da morte. É bastante comum que a família esteja muito fragilizada, em especial no caso da morte de pais ou irmãos e não se sinta disponível emocionalmente para dar o suporte que a criança necessita.

Principalmente neste momento de Pandemia do Novo Coronavírus, situação complexa e inédita que temos que estar atentos a diversas questões: há risco eminente de contágio pelo vírus, existe, muitas vezes, a impossibilidade de vivenciar os Rituais relacionados a situação da morte, além de questões emocionais, socioeconômicas e de saúde pública. O psicólogo ajudará não somente a criança, mas toda a família a lidar com o luto.

Alguns sinais de que a criança pode precisar de ajuda profissional:
• Aparente indiferença;
• Sintomas (somáticos, comportamentais) que persistem e causam prejuízo;
• A criança está ocupando o lugar do genitor ou irmão perdido ou existe este risco; sentimento de culpa e raiva intensos;
• Os pais estão sobrecarregados pelo próprio luto e pouco disponíveis;
• A relação com o falecido era ambivalente;
• A rede de apoio da família é insuficiente;
• Pensamentos e comportamentos suicidas e;
• Inibição do brincar.
Filmes que abordam a situação do luto:
1. Up, Altas aventuras
2. O Rei Leão
3. Viva – A vida é uma festa
4. “A casa monstro”
Livros infantis que abordam a situação do luto:
1. O dia em que o passarinho não cantou
Autor(a): Luciana Mazorra. Valéria Tinoco
2. O pato, a morte e a Tulipa – Wolf Erlbruch.
3. Mas por que??! A Historia de Elvis – Peter Schössow, Cosac Naify.
4. É assim – Paloma Valdivia.
5. Para onde vamos quando desaparecemos? Isabel Minhos Martins e Madalena Matoso, Tordesilhinhas.

Referência:
Luto Na Infância
Luciana Mazorra E Valéria Tinoco (org.)
Editora: Livro Pleno
2005

Paula Adriana Vieira das Neves Couto
Psicanalista

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